Wednesday, June 02, 2010

Saudade é pouco


















PS: (vou começar pelo PS porque acabei de escrever o post agora e acho que é necessário) esse post é triste. cuidado.


Não sei se vou conseguir direito escrever o que quero, porque não tenho idéia do que quero escrever.
Não consegui ainda sentir direito o que aconteceu, mas vou tentar.

A pior coisa de morar fora do Brasil é, obviamente, estar longe de muitas das pessoas que a gente ama. É foda, é escroto, mas a gente vai se acostumando, tentando não pensar tanto no assunto, por que aí dá a sensação de que nos acostumamos, de que está tudo bem.
Mas claro que quando paramos pra pensar a saudade dá um aperto enorme e um nozinho na garganta de segurar o choro.
Um dos maiores medos também que muitos Brazucas que conheço têm é de não estar com a família quando alguém nos deixa. (Acho que só depois de perder alguém que você percebe como é difícil usar a palavra "morte" e quão importantes e necessários são os eufemismos.)

Pois não é que meu segundo pai resolveu dar um check-out sem nem avisar.
Consegui pegar um avião e chegar a tempo de pegar na mão dele e dizer que é a mais macia de todas, mas não sei se ele ouviu.. Tive a esperança infantil de que ele ia acordar quando eu falasse isso, mas não foi assim. E na mesma madrugada ele foi embora.
Tio Homero. Uma das pessoas mais legais e queridas que eu já conheci... quietinho sempre, tão quietinho que a gente foi assistir os vídeos e ele quase não aparece, pois ficava só olhando e rindo.
Meu paidrasto desde os 8 anos. Amou a mim e ao meu irmão como se fôssemos filhos dele mesmo, e nós de volta, claro! Ele vai fazer muita falta.
Pelo menos eu falei muito pra ele tudo isso. E é uma das coisas que tenho tentado cada vez mais fazer parte da minha vida: sempre deixar claro tudo de bom que a gente sente, sempre falar com quem você gosta todas as vezes que der vontade, pois um dia às vezes acabam as chances e aí só dá pra chorar...

O lado pragmático que descobri ser maior do que eu pensava em mim, pra vocês terem um 'taste' da minha viagem ao Brasil.
Fiquei 5 dias. Baixou um santo em mim e consegui resolver tudo que eu pudesse para a minha mãe. Uma informação que acho que deve ser passada para as pessoas é que todo o processo funerário não precisa chegar nem a um milhar de reais. Todo mundo que eu conheço com quem já conversei sobre esse assunto infeliz quer ser cremado e acha que deve custar "uns cinco mil reais". Well, em São Paulo não. não custa nem R$700,00. Os serviços podem ser organizados por um órgão do governo e não precisam custar tudo que a gente acha. E obviamente na hora que algo acontece você não está preparado para cuidar de nada, e várias empresas se aproveitam disso.. então passem a informação para a frente, pois algum dia alguém vai precisar :(
Eu tive a sorte de ter um anjinho amigo do Leandro, meu irmão por parte do Tio Homero, nos ajudou e deu os caminhos das pedras. Valeu Helio!

Outra pessoa que me segurou a barra animalmente foi minha querida tupeta. Marcelinha do meu coração. Chegou em sampa e segurou minha mãozinha, tomou cerveja comigo e depois me acompanhou à visita mais doída à casa nova da minha mãe. E ainda ficou lá com a minha mãe para me substituir depois que voltei para Londres.
Você acha que tem amigos legais, que te amam e te ajudam e tudo o mais... e é verdade!
Muito bom saber que tenho muitos amigos que me amam e se preocupam comigo e me ajudaram a não deixar a peteca cair. Valeu pessoal.

Desculpe os clichês e todo o sentimentalismo. Mas as melhores coisas na vida não são originais mesmo, então foda-se.

Tio, te amo.