Monday, October 17, 2011

Fala.

Estão ficando cada vez mais espaçados os posts nesse blog. O Comidas Macacais está um sucesso, hoje completou 4000 visitantes :)
Acho que, no corre-corre da vida, é mais fácil escrever besteiras no Facebook e tirar fotos das minhas comidinhas macacais do que sentar para (tentar) escrever as novidades.

O ano foi bom, até. Nem parece que o ano passado está quase virando retrasado. Os bebês mencionados dois posts atrás já completaram um ano, quase todos.  Mas eu ainda me sinto como se tivesse 19 anos, hehe.

Anyway.
Virei legendista (ou legendária ou legendadora, "vareia" o autor) e estou trabalhando de casa. É ótimo e divertido, quase sempre. Conheci os Foo Fighters por causa disso. Sim, isso foi legal.
Mas às vezes tenho que traduzir coisas insólitas, tipo uma série sobre o poder de Jesus Cristo e como você irá para o inferno se não acreditar nele ou vídeos corporativos sobre segurança no trabalho, com entrevistados que perderam a perna e a dignidade em algum acidente, séries "históricas" americanas com um narrador falando com aquela voz de "NOW, ON DVD.", e tal e coisa.
Estou escrevendo minha dissertação do mestrado e, se tudo der certo, logo serei Mestre Amanda :D
Portanto, mais respeito (cof, cof).

Voltei a fazer yoga. Parei de fumar total. Limpo a casa com mais frequencia, agora (uma das "vantagens" de trabalhar de casa). Acho que eu estou menos chata. Eu juro que estou tentando. Estou tentando não querer mais me meter tanto na vida das pessoas. Não falar tanto, mas escutar mais. Quero conseguir ser igual aquela música dos Secos & Molhados:

Eu não sei dizer nada por dizer
Então, eu escuto.

Se você disser tudo que quiser
Então, eu escuto.

Fala. La la la la la la la la laaaaaaaaa
Fala.

Se eu não entender, não vou responder
Então, eu escuto.

Eu só vou falar na hora de falar
Então eu escuto.

Fala. La la la la la la la la laaaaaaaaa
Fala.



Saturday, January 08, 2011

Have you got a tissue?


Tem um sabonete líquido novo com um sensor que permite ao seu usuário sujo que receba sua dose de sabonete sem precisar tocá-lo. O argumento dos publicitários é que você não sabe quantos micróbios há naquele tubo de sabonete, então na hora de lavar as mãos, nada mais seguro (“micróbiowise”) do que não ter que encostar na saboneteira. Mas o que eu fiquei de cara não foi apenas o fato de que depois de encostar na saboneteira você lava as mãos e sai a sujeira, então não importa se você encostar na porcaria do tubo. Foi o fato de você ter que girar a torneira ANTES e DEPOIS de lavar as mãos, o que significa que os tais micróbios estarão lá de qualquer forma, não? Sim, eu sei que já existem torneiras com sensores automáticos pelos shopping centers do mundo, mas os inteligentíssimos publicitários não pensaram nisso e colocaram torneiras normais na propaganda. Meio impressionante.
Isso me faz lembrar uma diferença cultural marcante entre o Brasil e a Inglaterra (e toda a Europa, for all I know): como e quando assoar o nariz. No Brasil, nós temos a finesse de não fazer isso na frente dos outros, a não ser que seja totalmente necessário. Nós raramente faríamos isso à mesa do bar ou, pior, do restaurante. Se fazemos, é discreto, sem dar o full-power à coisa, que só acontece em momentos em que você está em casa ou no banheiro.
Já aqui, as pessoas têm o costume de assoar o nariz em qualquer lugar que estiverem, full-mega-power, como se não houvesse amanhã para seus narizes. No ônibus, no metrô, na banca de jornais... Tomando pints, comendo potatoes, trabalhando. É nojento, mas depois de um tempo você se acostuma e acaba se adaptando à cultura local, fazendo educadamente o mesmo em quase todas as situações.
Mas a grande diferença está no que eles consideram realmente grosseiro aqui, que descobri uma bela manhã londrina fria e chuvosa. Caminhei 20 minutos até a estação de metrô, com um pouco de pressa, pois queria conseguir um lugar para sentar dentro do tube, coisa bem difícil na hora do rush. Mas consegui, um milagre. Me sentei e, como sempre, fiquei fungandinho, pois após andar no frio e chuva sempre rola aquele desagradável impedimento de se respirar normalmente (maldito nariz torto. Quer dizer, septo desviado, pra não ficar tão feio). Pois não é que o homem sentado ao meu lado se ofendeu com minhas fungadinhas?
Motherfucker: - Excuse me, have you got a tissue?
Me, procurando na bolsa, achando que ele queria um lenço para o seu próprio uso:
- No, sorry.
Motherfucker: - You´re making a horrible noise.
Me: - Well, have YOU got a tissue, then?
E ele se levanta de seu lugar e vai para o outro lado do trem.

Image: Moai tissue dispenser

Monday, January 03, 2011

Feliz ano, velho.

Então eu fiz 19 anos e percebi que não faz diferença nenhuma ter 19 anos ou 16. Não apareceu magicamente um carro na minha frente, nem um apartamento mobiliado no qual eu pudesse dar festas selvagens para os meus amigos. Não apareceu uma carteira de motorista na minha carteira nem um emprego maneiríssimo, nem uma vaga na universidade que eu queria. No meu aniversário de 19 anos eu tive o maravilhoso insight de que as coisas que aconteciam na minha vida dependiam de mim, do que eu fizesse. Que um numerozinho não ia fazer diferença. Aos 18 eu podia legalmente beber e comprar cigarros, mas com a minha altura eu já vinha fazendo isso há três anos, então não fez diferença no meu dia-a-dia. E aos 19, que veio rapidamente após os 18, percebi que eu teria que fazer alguma coisa para conseguir o que quer que eu quisesse.

de repente eu fiz 27 anos. 10 kilos a mais, bastante menos cigarro e com um pai a menos, eu vejo que o meu insight continua sendo genial, mas agora sinto uma pressa maior, já que parece que passou apenas uns meses, e não 8 anos. 8 fucking anos. Agora eu sei que a vida acaba mesmo, coisa que eu só consegui entender após perder meu paidrasto.

Então foda-se trabalhar de babá para pessoas imbecis só pelo dinheiro. Foda-se deixar de assistir televisão por sentir culpa de não estar lendo. Foda-se deixar de ler livros mainstream por sentir culpa de não estar estudando. Foda-se deixar de ler livros repetidos por sentir culpa de qualquer outra coisa. Faça o que quiser, na hora que quiser. Engraçado sentir isso e ao mesmo tempo vir um certo equilíbrio de vontades. De repente não sinto tanta vontade de assistir TV, estou lendo os livros que eu quero e os cigarros não estão mais tão saborosos. O álcool continua adorável, mas getting wasted não é mais tão frequente, mas naturalmente, sem sofrimento ou culpa. E ver velhinhos ativos viajando por aí me dá muita vontade de fazer yoga e abdominais e o que quer que seja necessário para, quando minha velhice chegar, eu poder continuar andando por aí o tanto que tiver vontade. Liberdade é escravidão. E a velhice está chegando rapidamente, sem ter a menor dó e sem se importar com o fato de eu ainda me sentir com 19 anos.

Estou tentando também pedir menos desculpas por coisas idiotas. Por exemplo, eu quase pedi desculpa nesse parágrafo por estar escrevendo tanta baboseira de auto-ajuda. Mas desculpa por que, se o blog é meu? E tentando pedir mais desculpas por coisas que eu faço ou falo para as pessoas que eu amo e que elas não gostam de ouvir, pois aí sim, a vida é delas e eu não tenho nada que ficar trazendo chatices que elas não pediram.

Outra coisa que tento fazer, que acho que já falei aqui, é sempre falar para as pessoas as coisas legais que acho delas, e sinto por elas. E telefonar na hora que me der saudade, não deixar para depois, se possível. Falar quão bonita a Vê está com a saia preta que eu roubaria, se coubesse em mim. Ou quão bacana o blog da Clarissa está, ou quão gato o meu macaco é, por mais repetitivo que soe. Também estou comprando e mandando os presentes que me dão vontade, sempre que eu posso. Antes eu tinha vergonha de dar presentes para as pessoas. Parando para pensar agora, que loucura a minha, não? Todo mundo adora presentes!

Quando mandei uma caixinha para Nova Iorque para a minha caríssima amiga Ju, fiquei com um pouco de receio, achei que ela talvez fosse achar estranho, ou pensar que eu queria alguma coisa dela. Mas para a minha surpresa, ela ficou mega feliz. Fiquei de cara. E talvez mais feliz que ela, de saber quão feliz ela ficou com uma besteirinha.

Blá blá blás à parte, acho que 2011 será um bom ano.

PS: Não sei como colocar isso no contexto, mas queria comentar a felicidade de ter tantos bebês fofos que terei que visitar assim que possível, e enquanto não dá, vou mandando caixinhas londrinas da tia Amanda. Maria Clara, minha afilhada, filha do meu irmão Marcelo. Davi, filho do meu priminho querido e da esposa mais fofa que eu já vi. Benício, lindissímo da Ju e do seu maridão que consegue ser cativante até pela internet e Luisinho, filho dos pais mais cool que eu conheço...

PS2: Eu sempre imagino estar escrevendo uma carta quando escrevo aqui. Por isso coloco 'PSs' :P