Saturday, January 08, 2011

Have you got a tissue?


Tem um sabonete líquido novo com um sensor que permite ao seu usuário sujo que receba sua dose de sabonete sem precisar tocá-lo. O argumento dos publicitários é que você não sabe quantos micróbios há naquele tubo de sabonete, então na hora de lavar as mãos, nada mais seguro (“micróbiowise”) do que não ter que encostar na saboneteira. Mas o que eu fiquei de cara não foi apenas o fato de que depois de encostar na saboneteira você lava as mãos e sai a sujeira, então não importa se você encostar na porcaria do tubo. Foi o fato de você ter que girar a torneira ANTES e DEPOIS de lavar as mãos, o que significa que os tais micróbios estarão lá de qualquer forma, não? Sim, eu sei que já existem torneiras com sensores automáticos pelos shopping centers do mundo, mas os inteligentíssimos publicitários não pensaram nisso e colocaram torneiras normais na propaganda. Meio impressionante.
Isso me faz lembrar uma diferença cultural marcante entre o Brasil e a Inglaterra (e toda a Europa, for all I know): como e quando assoar o nariz. No Brasil, nós temos a finesse de não fazer isso na frente dos outros, a não ser que seja totalmente necessário. Nós raramente faríamos isso à mesa do bar ou, pior, do restaurante. Se fazemos, é discreto, sem dar o full-power à coisa, que só acontece em momentos em que você está em casa ou no banheiro.
Já aqui, as pessoas têm o costume de assoar o nariz em qualquer lugar que estiverem, full-mega-power, como se não houvesse amanhã para seus narizes. No ônibus, no metrô, na banca de jornais... Tomando pints, comendo potatoes, trabalhando. É nojento, mas depois de um tempo você se acostuma e acaba se adaptando à cultura local, fazendo educadamente o mesmo em quase todas as situações.
Mas a grande diferença está no que eles consideram realmente grosseiro aqui, que descobri uma bela manhã londrina fria e chuvosa. Caminhei 20 minutos até a estação de metrô, com um pouco de pressa, pois queria conseguir um lugar para sentar dentro do tube, coisa bem difícil na hora do rush. Mas consegui, um milagre. Me sentei e, como sempre, fiquei fungandinho, pois após andar no frio e chuva sempre rola aquele desagradável impedimento de se respirar normalmente (maldito nariz torto. Quer dizer, septo desviado, pra não ficar tão feio). Pois não é que o homem sentado ao meu lado se ofendeu com minhas fungadinhas?
Motherfucker: - Excuse me, have you got a tissue?
Me, procurando na bolsa, achando que ele queria um lenço para o seu próprio uso:
- No, sorry.
Motherfucker: - You´re making a horrible noise.
Me: - Well, have YOU got a tissue, then?
E ele se levanta de seu lugar e vai para o outro lado do trem.

Image: Moai tissue dispenser

5 comments:

M. Carrer said...

Lembro-me q no começo da estadia na America estranhei tbm...coisa dos "1° mundensses"...e eles eh q são os desenvolvidos, educados...ah! Ñ esqueça dos arrotos (seguidos d ´excuse me`)!hehe

Anonymous said...

É Mandika, cada qual com seus problemas!!! Cada louco com sua mania!!!
Onde já se viu alguém chamar as suas discretas fungadinhas de "horrible noises"??? Eu mandaria o cara catar coquinho!!!
1º mundo my ass!!!

Diana Bloch said...

Caracas, q história.
Saudade de Londres com suas bizarrices.
Saudade de vc tb!
Bjs

anaznar said...

Adoro suas historias Pipita!
Realmente, as diferenças culturais são bem grandes, a gente às vezes nem consegue entender... como é que dar uma mega limpada num nariz catarrento é menos nojento que umas discretas fungadinhas? Uma pena que vc não tivesse um lenço pra dar uma trombeteada na orelha do cara!
Eles são tão porcos pra um monte de coisas, e tão frescos pra outras... como pegar as frutas e legumes no supermercado sem as benditas luvinhas de plástico. Ai de você se não colocar as luvinhas! Logo aparece algum bocó pra dizer que tem que por, "por higiene". No entanto eles vão ao banheiro e não lavam as mãos, não tomam banho todo dia (faz mal pra pele, segundo me disseram), arrotam e soltam pum sem a menor inibição.
Como disse a minha mana, "1º mundo my ass!!!"

Eduardo Ferreira said...

sério...

fico cada vez mais impressionado que esses animais sobreviveram por meses de viagem atravessando um oceano.